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A arte e a política

«Quem havia de dizer», ruminou Belisário Pimenta, «quando foi meu alferes, há vinte e tantos anos, sempre trombudo, mal-humorado, malcriado e pouco disciplinado! Era o génio a borbulhar …»

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    • 11:35 | Segunda-feira, 13 de Setembro de 2021
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    Nos fins de Março de 1946, Belisário Pimenta foi à oficina de Costa Mota (Sobrinho), em Lisboa.

    O escultor tinha como modelo um pobre varredor, esquálido, «que lhe servia para o Cristo estendido nos joelhos da Mãe». Belisário Pimenta achou o artista em forma, e o homem envelhecido, enrolando o cigarro com dedos incertos. Trabalhava no grupo escultórico da Senhora da Piedade para as capelas do Buçaco.

    A seguir, deixou o diário em silêncio durante mês e meio. Regressou para tomar nota de um ofício dirigido à Revista Militar. Também analisou as comemorações do vigésimo aniversário da «Revolução Nacional» de 28 de Maio.

    No banquete, em Braga, distinguiu o discurso exaltado do ministro Santos Costa, que se tornara um «orador de mão-cheia», na opinião abespinhada de Belisário Pimenta. «Quem havia de dizer», ruminou Belisário Pimenta, «quando foi meu alferes, há vinte e tantos anos, sempre trombudo, mal-humorado, malcriado e pouco disciplinado! Era o génio a borbulhar …»


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