A Política Agrícola Comum também nos diz respeito. Mais ainda quando o que tem feito, e ameaça continuar a fazer, é promover desigualdades e injustiças territoriais.
Na região Viseu Dão Lafões, por exemplo, cerca de 40% das explorações agrícolas e 34% da Superfície Agrícola Útil não beneficiam de quaisquer subsídios da Política Agrícola Comum.
Um cenário preocupante que se adensa se, às baixas percentagens de apoios em Viseu Dão Lafões, acrescentarmos dados de estudos recentes que demonstram a grande importância da agricultura e da sua integração paisagística com a floresta na redução dos riscos de incêndio.
Esta região, onde pululam eucaliptos e pinheiros bravos, desordenadamente dominando a paisagem, recebe 10 vezes menos subsídios da PAC por pessoa (trabalhadora agrícola) do que o Alentejo. Esta situação explica-se porque mais de metade dos apoios são atribuídos apenas em função da área, mesmo que parte dessas terras não sejam efetivamente cultivadas. Explica-se também porque o emprego associado não é tido em consideração. Equação que beneficia as grandes explorações agrícolas, sobretudo, a sul do Tejo, prejudicando a generalidade das pequenas explorações agrícolas, com especial incidência no centro e norte do país.
O Governo está neste momento a preparar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum que conduzirá a aplicação destes apoios públicos até 2027. Falamos de um quadro que tem 10 mil milhões de euros para aplicar no território, podendo desempenhar um papel crucial para a coesão territorial, para a agricultura e, ainda, para a floresta.
Portanto, este é o momento de exigir que a transposição da nova Política Agrícola Comum seja pensada de forma participativa, envolvendo os municípios, ouvindo as populações, as organizações locais, quem trabalha na agricultura e na floresta.
É também tempo de exigir que autarcas locais se interessem por este assunto e cumpram o seu papel de defesa dos melhores interesses das populações e territórios que representam. Esta é uma oportunidade única de conseguir os fundos importantes para a promoção de uma reforma estrutural do país, equilibrando territórios, da agricultura e da floresta.
(foto DR)