O vice-almirante Henrique Gouveia e Melo substituiu hoje Francisco Ramos, logo após este ter apresentado a sua demissão de coordenador da “task force” da vacinação para a covid-19, o qual, independentemente de ter um CV “à prova de bala” como por aí se ouve, não deu conta do recado.
A coordenação da tal “task force” revelou-se descontrolada, débil no agir e um pouco ao sabor das mais aleatórias circunstâncias. Uma embrulhada…
O que se viu por esse país fora nestes últimos dias não é abonatório do coordenador, da tutela, o ministério da Saúde, nem do primeiro-ministro, em derradeira instância o primeiro responsável.
Entretanto e na sequência da polémica sobre a distribuição das vacinas e prioridade dos vacinados, Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, usou as redes sociais para tecer algumas duras e pesadas considerações acerca da vacinada presidente da câmara de Portimão, que apodou de “a gorda fura filas”.
Também usou de uma linguagem, discutível numa Bastonária que é figura pública, para criticar o secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, Jorge Botelho e sua mulher, directora da Segurança Social de Faro. Neste contexto e por alegadamente ambos terem sido vacinados, o que não se afigurou verdadeiro, utilizou expressões como “a quantidade de trastes por metro quadrado no País, que é pequenino, está insuportável!” e “Oh criaturas horrorosas, fina flor do entulho!” . Tal ter-lhe-á valido por parte do visado um processo judicial por difamação.
Os “fura-filas” ao transgredirem as regras determinadas pela DGS agem de facto com um “chico-espertismo” inqualificável. Nada justifica que, por esse país fora, um número não quantificado de indivíduos use rasteiros artifícios para passar à frente dos outros e inverter as prioridades estabelecidas. São absolutamente condenáveis, como já tive ocasião de escrever num anterior editorial, e deveriam ser severamente punidos pela sua falta de civismo, oportunismo e o tal “chico-espertismo”.
Os enfermeiros são uma classe séria, trabalhadora e digna do nosso respeito. Ana Rita Cavaco, neste seu “Chega style”, pode capitalizar votos para uma futura carreira política ao lado do líder desse partido, mas, no seu destempero, não presta grande serviço à educada classe da qual é bastonária.
O populismo centra-se no ódio, no descontentamento e no ressentimento para fazer o seu caminho fácil. Está a fazer escola, começando a aparecer muito quem se identifique com a sua gratuita “fanfarronice”…