José Pacheco Pereira diz que a polícia política começou a procurar Álvaro Cunhal em 1941, mas só em 1945 se deu conta do vigor reorganizativo que ele imprimira ao Partido Comunista Português.
A PIDE também prendeu a irmã, com apenas dezoito anos. A mãe pôs-se à porta da polícia, reclamando ao menos a libertação da filha.
Álvaro Cunhal vivia no Freixial, sob a capa de um jovem doente a convalescer no campo. Apaixonara-se por uma estudante liceal, que o tomou como estudante universitário. Diz-se que era com ela que passeava em Lisboa, infringindo as regras da clandestinidade. Acossado, teve de sair daquela casa, fugir, afastar-se da amada. Para não a perder, deu-lhe uma carta dirigida ao pai, Avelino Cunhal, que ela devia entregar se fosse morar para Lisboa, como de facto sucedeu. A carta tinha o seguinte teor:
«Querido Pai:
A portadora é uma rapariga minha amiga que vos pode falar da minha saúde e disposição.
Interessa-me muito e gostaria de não perder totalmente o contacto com ela. Pensei que, como último recurso no caso de ela mudar de residência, poderia deixar-lhe a si, querido Pai, uma indicação. Um dia, alguém lha iria pedir.
Para vós três,
saudades e beijos sem fim do vosso
Álvaro»