Fadiga pode estar associada ao vício de recompensa

... o ser humano burla a sua identidade genética e, neste momento, sofre as consequências disso. Estamos “viciados” em dopamina, que é um hormônio neurotransmissor que influencia no nosso humor, está relacionado à recompensa.

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  • 14:34 | Quarta-feira, 11 de Novembro de 2020
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O neurocientista luso-brasileiro Fabiano de Abreu estudou a origem da fadiga e concluiu que há uma associação com a ansiedade e a dopamina. A sua teoria foi recentemente publicada na revista científica internacional Brazilian Journal of Development e mostra que o descontrolo hormonal pode estar relacionado com transtornos de ansiedade e depressão.

Muitas vezes, o cansaço diário é justificado pela preguiça e acumulação de obrigações do dia a dia. Contudo, Fabiano de Abreu considera que a “falta de vontade” está relacionada com uma condição genética. “Ao contrário do que muitos pensam, não estamos mais cansados porque fazemos mais coisas. Na realidade, pensamos mais e fazemos menos, estamos fatigados devido a uma disfunção relacionada à ansiedade”, explica.

“A minha teoria mostra que o ser humano burla a sua identidade genética e, neste momento, sofre as consequências disso. Estamos “viciados” em dopamina, que é um hormônio neurotransmissor que influencia no nosso humor, está relacionado à recompensa. Procuramos sempre aumentar a sua produção, mas sem fazer esforço para a alcançar. Esse ciclo leva a um descontrolo dessa hormona ou a forçar à sua produção por introdução medicamentosa. Por isso, há tantos casos de síndromes, transtornos de ansiedade, depressão, e claro, o cansaço”.


Fabiano de Abreu reitera ainda que, além da sobrecarga mental, as consequências dessa “busca pela recompensa” podem afetar também a parte física. “O excesso de ansiedade sobrecarrega o corpo com hormonas de stress, como o cortisol, por exemplo. O cortisol é um regulador do stress, já que é a hormona responsável por manter a nossa imunidade e eliminar o que está errado no nosso organismo. Esse esforço constante em combater o stress exige um gasto de energia que leva à fadiga, já que o corpo está desprovido de energia. O stress constante leva à fadiga crónica. A ansiedade sobrecarrega o corpo, ocasionando a exaustão”.

O estudioso revela que “o melhor remédio para combater essa doença, que pode levar, inclusive, à morte prematura, são os hábitos, que podem passar pela alimentação até à rotina de organização, com exercício físico, bem como metas alcançáveis, lazer, interação com outras pessoas e outros”.

O neurocientista é responsável por várias teorias. Uma das quais esteve em voga recentemente e aborda a forma como a internet está a deixar as novas gerações menos inteligentes. Embora o neurocientista francês Michel Desmurget tenha trazido à ribalta a temática, Fabiano de Abreu já discutiu e publicou sobre o assunto há mais de um ano, tendo relacionado também a fadiga com o acesso à internet.

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