Vivemos dias que não são comuns. Na verdade cada dia é diferente do outro e cada um deles único. Porém, vivemos dias estranhos, num tempo estranho que nos tomou de assalto, um tempo cinzento mesmo com dias de sol.
Um tempo que nunca esperávamos viver, julgando as pestes, que ao longo dos séculos assolaram o mundo, doenças de um passado eivado de mitos e crendices, quando os remédios saltavam das ervas mágicas dos campos para mãos de curandeiras e bruxas, senhoras do secreto conhecimento guardado na maçã que Eva trincou.
Nas pestes, os rostos eram tapados, para que o bafo de uns não conspurcasse o ar de todos, mas era um ar já doente. E se os rostos eram velados, os corpos distanciavam-se, ficando longe o afago e o beijo. Restava, então, o sorriso triste de olhos que nunca deixaram de faiscar …
Tempos estranhos estes em que temos de reinventar a vida, como outros, antes de nós, a re-imaginaram…