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A troca de cromos

Numa tentativa atabalhoada de colar os cacos, inventa-se, então, que Filipe Vieira expulsa Costa da comissão. E também Medina, o delfim. E outros políticos, deputados e autarcas que não têm pejo em misturar política e futebol, trocando a transparência do cargo por um lugar no camarote e mordomias adjacentes, comes e bebes à fartazana e bilhetes à borla para os duelos.

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    • 11:15 | Sexta-feira, 18 de Setembro de 2020
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    O sr. Costa não susteve a sua punção vermelha e, vivendo uma “contradição íntima”, aceitou o que a dignidade do cargo desaconselhava. A partir do instante em que o PR afirmou aos microfones que, na habitual reunião das quintas-feiras, ia questionar o PM sobre a participação deste na Comissão de Honra da candidatura de Filipe Vieira, o destino estava traçado. Não podia ser de outro modo. As cabeças pensantes viraram-se então para a descoberta da fórmula mágica que guiasse o sr. Costa por entre as farpas que, vindas de todos os quadrantes, sobre ele se assestavam.

    A palavra de ordem era tudo fazer para não sair chamuscado desta cretinice que não lembrava ao mais amador dos políticos. E como o sr. Costa, teimoso e dono da razão, já tinha dito que não saía, os assessores iluminados encontraram este novo modelo de negócio nada inteligente, tão engenhoso que nem o mais lorpa acredita nele.

    Numa tentativa atabalhoada de colar os cacos, inventa-se, então, que Filipe Vieira expulsa Costa da comissão. E também Medina, o delfim. E outros políticos, deputados e autarcas que não têm pejo em misturar política e futebol, trocando a transparência do cargo por um lugar no camarote e mordomias adjacentes, comes e bebes à fartazana e bilhetes à borla para os duelos.


    Num rasgo de poder e autoridade o sr. Luís dispensa os políticos de uma pazada. É para arrasar e é bom para todos. O sr. Costa salva as costas da sova que já estava a levar, expectando que esta leviandade não o coza em lume brando, antes de chegar a hora de acender a fogueira. O sr. Luís livra-se de um produto tóxico que se estava a transformar num pasto bom para os incendiários da oposição que lhe querem assaltar o lugar. O sr. Luís dos pneus fez o que podia. O sr. Costa do governo não fez uma coisa nem outra. Com a mania da sabedoria e da experiência, e instalado nas loas que lhe tecem as mãos manhosas dos discípulos, imaginou-se acima de tudo e de todos, estatelou-se ao comprido.

    As mais das vezes, aos políticos o que falta é humildade. E bom senso.

    PS – Um jornal de hoje titula ” Como se fez um dos piores dias na vida política de Costa“. Eu acrescentaria ” Hão-de vir dias piores“.

    Ámen.

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