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Suite para violoncelo

Apenas no tempo da eternidade tudo será, enfim, reconhecido estilhaçada a ampulheta e percebidas as metas como infinitos.

  • 14:07 | Segunda-feira, 17 de Agosto de 2020
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Prelude

Escrever os lugares da morte em busca dos legentes olhos que nas cinzas os lerão.

Allemande


1.     Abel, tu mesmo forma minha…

2.     Vicioso, penitente ou virtuoso?

Courante

1.     A qual hemisfério acedo, Boreal ou Austral? Ao Ganges ou ao Ebro?

2.     Limitado que estou no círculo do teu seio definitivamente ausente da Rosa dos Justos.

Sarabande

1.     Nunca me abraçarás como Sordello a Vergílio, fraternamente comovido, fragilizado no penar e no temor.

2.     Há muito reenviei à sombra exausta de tal luz

3.     Também o ponto comum da terra nunca nos mira. A atopia tragou meu espaço e de ninguém sou conterrâneo.

4.     Apenas no tempo da eternidade tudo será, enfim, reconhecido estilhaçada a ampulheta e percebidas as metas como infinitos.

Menuet

1.     Rodar-te na esfera da perfeição, reter-me.

2.     Formulei-te eu o meu destino eu apenas teu sopro…

Gigue

1.     Incidimos perdida a dúvida e ganha a certeza da incoincidência.

2.     O amplo silêncio clama a sabedoria do lugar. A loba guarda o caminho. Ignora ser a fera e o temor que inspira à alma pecadora.

3.     Ofuscada em seu sono cede ao cio do vivo a incerteza do cárcere e a lástima do réprobo.

4.     Fosso ou alto muro? A eloquência no tempo ecoará.

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Publicado em Cultura