Tornar viável a produção de ouriços-do-mar em aquacultura, de forma rentável e com reduzido impacto ambiental, é o objetivo de uma equipa de investigadores do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), que está a desenvolver um modelo integrado de cultivo em cativeiro da espécie mais abundante em Portugal – Paracentrotus lividus – no âmbito do projeto “OtimO – Otimização dos processos de produção de Ouriço-do-mar”.
Tendo em conta que a resposta à crescente procura «assenta em espécimes provenientes do meio natural, a intensificação da captura tem levado ao esgotamento de stocks, com impactos negativos consideráveis nos ecossistemas», afirma o coordenador do projeto, Tiago Verdelhos.
O modelo de produção proposto pela equipa do OtimO, cujos testes começaram há um ano nos laboratórios do MARE na Figueira da Foz (MAREFOZ), distingue-se por apostar na transferência efetiva de conhecimento para o setor da aquacultura. «O objetivo principal do nosso projeto é otimizar métodos para que a produção desta espécie se torne viável, promovendo o desenvolvimento das zonas costeiras através da diversificação e aumento de competitividade no setor da aquacultura, bem como evitar a sobre-exploração deste recurso. O nosso foco é a transferência de conhecimento, ou seja, que o nosso modelo possa ser aplicado em aquacultura», destaca o investigador do MAREFOZ.
Nesse sentido, explica Tiago Verdelhos, «apostamos num sistema de aquacultura multitrófica integrada (no qual são produzidas espécies de diferentes níveis tróficos ou nutricionais) com recirculação de água, efetuando a reutilização/reciclagem de recursos e minimizando o impacto ambiental, porque a aquacultura, apesar de ser cada vez mais relevante no setor alimentar, ainda está associada à diminuição da qualidade ambiental».
A reprodução de ouriços-do-mar em cativeiro é altamente complexa, pois depende de muitos fatores, tais como temperatura, alimentação, iluminação, salinidade, etc. Nos ensaios que estão a ser realizados com ouriços-do-mar capturados no seu habitat natural, os investigadores estudam e controlam todo o processo «por forma a encontrar uma solução para os problemas críticos que impedem a produção da espécie em aquacultura. Temos de encontrar larvas viáveis e calibrar os processos de reprodução, desenvolvimento larvar e crescimento para tornar possível a cultura em cativeiro, com qualidade e sem prejudicar as características do ouriço-do-mar», nota o coordenador do projeto OtimO.
O projeto OtimO, que conta com um financiamento de 202 mil euros do MAR2020, através da Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego (AD ELO), visa ainda contribuir para o conhecimento sobre a espécie.