Há aproximadamente sete anos – tantos quantos Jacob a Labão, pai de Raquel serviu – que usando de toda a pedagogia que os meus 40 anos de docência me concederam, tento construtivamente fazer do nosso edil viseense, por conselhos vários, dezenas de editoriais e sugestões plurais, um mais proficiente, eficaz e competente autarca.
Infelizmente para meu desgosto, o desiderato tem-se coroado de insucesso. E ele ao falhar como presidente do município local, falho também eu, humílimo e porfiado nas lições mas sempre esperançoso de que algumas das minhas vozes colhessem proveito num mínimo do seu quotidiano e atribulado mester.
E quando já baldada via minha tão fundada quão cândida fé, eis senão que num curto vídeo que aqui se reproduz, o ouço, com aquela límpida retórica tão pós vieiriana, a criticar o governo pela nomeação dos 5 magníficos, quero dizer, dos 5 secretários de estado que foram para a batalha salvar os portugueses do covid-19, mas que afinal, segundo sua abalizada perspectiva, só vieram para o terreno fazer show-off, num mero aproveitamento de Costa para lançar esses jovens políticos, que vêm dessa forma fazer o “roulement” ou tirocínio para se tornarem mais conhecidos…
E quando estávamos a chegar ao clímax da coisa, quando Almeida Henriques presumivelmente iria revelar que João Paulo Rebelo anda nisto a fim de ganhar traquejo e dimensão para o enfrentar em 2021 – pausa e suspense! – malicioso sorriso se lhe desenhou no rosto, e num baixar casto de pálpebras, assim remata… “enfim não quero falar mais disso”. Que elevado pudor!
Finalmente o vi em linha com o meu pensar – penso que terá lido a minha crónica de 18 de Abril, intitulada “João Paulo Rebelo, o meteorito viseense” – o que grande júbilo me proporcionou…
Mas foi sol de pouca dura e súbito voltou ao rame rame da costumeira litania… o da autopromoção, muito gabando a sua obra, que apenas ele vê, as suas façanhas, só pelos seus áulicos lobrigadas, as suas proezas, cada vez mais longínquas dos munícipes a quem, empenhada e devotadamente, deveria servir.
Nota: Alerta-me voz amiga de que nesse filme, de cujo curto extracto faço referência, falam em dueto dois dos mais afamados e experientes autarcas portugueses, Isaltino de Morais e o citado. Com mais tempo me deterei sobre o seu conteúdo, pois certo será, que mesmo sendo a uva escassa, muita parra ali se colherá.