Por estes dias de paralisação e clausura forçada, tenho pensado naqueles que, por força desta situação, vão ser obrigados a fechar o seu ganha pão para protegerem a sua saúde e a dos outros.
Falo sobretudo de quem tem o seu pequeno comércio tradicional ou um negócio na feira semanal.
A Câmara Municipal de Viseu suspendeu, e bem, a feira semanal devido ao aglomerado de pessoas que ali acorrem.
Aquele espaço onde a proximidade entre as pessoas é comum, passou, nos dias que correm, a ser um local propício à propagação do vírus, daí o compreensível motivo para a suspensão.
Acontece que, segundo previsões da DGS, o pico da epidemia está previsto para Maio, o que poderá levar a um tempo mais prolongado de paragem forçada.
No entanto, quais foram as medidas apresentadas pela autarquia para compensar estas pessoas que trabalham por conta própria? Como irão estas pessoas sobreviver se a quarentena se prolongar até ao mês de Junho?
Em tempos não muito distantes gastaram-se milhões para resgatar a banca, que caiu no precipício, na maior parte das vezes, por culpa própria das suas administrações que emprestaram e confiaram muitos milhões a quem poucas ou nenhumas garantias deu à exceção “das amizades e das cunhas poderosas”, que souberam mexer uns cordelinhos para obter financiamento a jorros que acabaram em negócios ruinosos.
Quando ultrapassarmos a situação de pandemia, o que ainda vai levar tempo, vai ser preciso emprestar dinheiro a prazos dilatados e com taxas muito baixas a estes pequenos comerciantes para que se possam reerguer desta crise tremenda causada por um inimigo sem rosto. Era bom que os bancos se lembrassem, nessa altura, de quem um dia lhes deitou a mão para evitar o seu encerramento.
Quando esse tempo de bonança chegar, é bom que as Câmaras Municipais se encontrem sensibilizadas e preparadas para ajudar a reerguer o comércio tradicional e disponíveis para apoiar as famílias com mais dificuldades, que serão, nesse tempo, bem mais do que são hoje.
Por agora, seria bom que apresentassem um pacote de isenções de taxas aos pequenos comerciantes (publicidade, esplanadas, água…) ou de redução de rendas.
É nos momentos de maior dificuldade que se vê o caráter de quem nos governa e mais do que palavras de conforto, que podem ser um refrigério em tempos de agrura, os viseenses esperam coragem e determinação a quem exerce o poder autárquico.
Desejo-vos muita coragem, determinação e espírito de cooperação para se ultrapassarem estes tempos difíceis de pandemia