Candeias às avessas… ou "a mediocridade submissa"

Há no ar, em Viseu, a pairar, latente, um crescente descontentamento sobre o “operar” do nosso maravilhoso Sobrado que, paulatinamente começa a parecer, nuns dias Dr. Jekyll, noutros Mr. Hyde. A consciência crítica de alguns viseenses, nomeadamente de alguns lúcidos agentes culturais com obra feita, vem expor a desilusão nas páginas públicas das redes sociais, […]

  • 10:16 | Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019
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Há no ar, em Viseu, a pairar, latente, um crescente descontentamento sobre o “operar” do nosso maravilhoso Sobrado que, paulatinamente começa a parecer, nuns dias Dr. Jekyll, noutros Mr. Hyde.

A consciência crítica de alguns viseenses, nomeadamente de alguns lúcidos agentes culturais com obra feita, vem expor a desilusão nas páginas públicas das redes sociais, aos olhos de todos quantos os têm para ver e vem provar quão brumoso anda o Reino da Dinamarca…


Num instante se corre o risco de passar de “bestial a besta” ou vice-versa, mormente quando os deslumbrantes milagres prometidos mais não almejam ser que sombras fátuas no coruto de uma azinheira seca.

Com a devida vénia se transcreve um texto de Duarte Belo, um nome que se impôs no panorama cultural local:

“Cláusula nona
O concurso Viseu Terceiro, atual Viseu Cultura, começou por ser uma louvável iniciativa da Câmara Municipal de Viseu para o apoio e financiamento de diversas atividades culturais que acontecem na cidade. A ideia foi, desde o início, fomentar a transparência na adjudicação de recursos do erário público.
No entanto esta situação tem vindo a ser alterada. O júri independente do início rapidamente foi dispensado e substituído por uma Comissão de Avaliação nomeada e presidida pelo Vereador do Património, Cultura e Ciência, Turismo e Marketing Territorial, Jorge Sobrado.
Este ano o regulamento do concurso apresenta uma cláusula que é significativa sobre o modo como é atualmente gerida a cultura com financiamento municipal. No ponto nono do artigo 13º (Apresentação e admissão de candidaturas) é referido: “As candidaturas deverão propor uma atividade nas áreas de música, teatro, dança, performance, novo circo, poesia ou outra, a realizar em data a acordar no mês de julho de 2020, no âmbito da programação “Mescla”. A execução financeira da atividade será da responsabilidade da própria candidatura.”
A liberdade criativa dos concorrentes fica anulada por esta cláusula. A ideia de um concurso e de uma competitividade saudável em que as melhores propostas serão financiadas, desaparece. O que fica patente é a completa incapacidade da autarquia em assumir a programação do/da “Mescla”, uma iniciativa desenvolvida pela Câmara Municipal que não tem uma ideia minimamente coerente, qualquer princípio estruturador dos seus conteúdos, nem tão pouco um tema agregador. É, de facto, uma mescla. Também diria que, num ambiente saudavelmente democrático a organização deste género de iniciativas deveria ficar a cargo de programadores independentes e eles existem bem qualificados na cidade.
Outra questão, que raia de forma abusiva uma ética de verticalidade, é obrigar os concorrentes a financiarem esta atividade, obrigatória, através do seu próprio orçamento. No fundo a Câmara Municipal de Viseu dá com uma mão e tira com a outra. De qualquer modo não deixa de ser a organização de um evento “sem” gastar recursos do orçamento municipal.
Mas talvez aquilo que parece evidente é o cultivar nos agentes culturais do concelho uma mediocridade submissa, que esteja alinhada, em diametral oposição, com o perfil de quem a promove. Com este concurso Viseu fica mais pobre, ficará a cidade menos apta para se integrar num movimento global de cidades criativas. É também, a cada ano que passa, o cultivar uma interioridade que agoniza pela falta de visão política efetiva. Sim, ao invés de uma ideia forte desenvolvida por criadores ativos que saibam integrar a cidade no território que a envolve, o que fica exposto é uma manta de retalhos, espelho de uma gestão política que apenas se serve do marketing para exibir o mais profundo e estéril vazio.”

(O bold é nosso)

Mas não é caso único, o do desengano e descoroçoamento que por aqui grassa. Cingimo-nos a este, pela admiração que temos pelo seu trabalho…

A par e a acrescer à desmistificação da miraculosa epifania do apóstolo turístico-cultural da edilidade, cada vez mais deparamos com munícipes críticos e criteriosos a questionarem-se acerca das exuberantes despesas públicas deste executivo.

A título de banal e mero exemplo, ver aqui…

https://www.facebook.com/ViseuXXI/photos/a.327960424462451/479899082601917/?type=3&theater

Pressentem-se sinais de uma inevitável decadência ao fim de mais de 6 anos de mandato, de um presidente do executivo que, a cada dia que passa, de cada cavadela, tira mais uma minhoca…

E já sem falar na autarquia – assunto sobre o qual muitos falarão melhor do que eu – as constantes e mirabolantes “acrobacias políticas” de Almeida Henriques já se tornaram anedotário nacional. Ele, às 2ª feiras remando hercúleo RIO ACIMA e às 3ª feiras, de vela enfunada pela nortada, fruindo da maré, navegando RIO ABAIXO… é muita arte de mareação.

Enfim, para seu desastre e descrédito, o PSD tem no seu seio enquistados alguns “cultores da oportunidade” que insistem em cavar sua desgraça, a desgraça de um partido político que não merecia, pela sua História e relevância, tantas e tão recorrentes traições, soçobrando mais às e nas refregas intestinas do que às democráticas pugnas com a oposição.

Rui Rio acaba por ser um atlético gladiador, rodeado de conspiradores que com a mão direita lhe batem palmadas nas costas, acariciando nervosos o cabo do acerado punhal escondido na bainha.

Não deve ser fácil, termos os maiores inimigos dentro de casa…

Paulo Neto

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