Claro que a língua portuguesa é dinâmica. Por isso permite inovações para todas as circunstâncias e os criativos aladinos, mais ou menos inspirados do marketing comunicacional, há muito disso se aperceberam e de tal se servem para vender produto e banha.
Pessoalmente, há aproximadamente meia dúzia de anos que não “feiro”. Não que feiras, romarias, peregrinações e outras lúdicas ou piedosas deambulações estejam fora do meu domínio afectivo, mas… (raio de conjunção adversativa!).
Por isso, neste final de irrequieto Agosto, persistindo no intuito de não comer as deliciosas farturas ou as sápidas espetadas de enguias (a forçada contenção da velhice…), reincido no intento de ainda não ser desta. Embora, confesso-o contrito, me custe imenso não ter o sublime prazer de ver – ao vivo – o novo visconde local, na sua fidalguia galharda e lhana, pródiga, antonina e casamenteira, adornado com toga de chita a lançar gafanhotos aos microfones das reverenciais têvês.
Enfim, toda a renúncia tem custos e privações. Com eles e elas calcorreamos vergados esta agonia da via sacra “bacana”.
Mas como merecedor ser humano – embora alguns dessa ideia não partilhem – vou além ver o mar. Provavelmente até já encontrarei uma praia sossegada e com umas nortadas dignas desse nome.
Com o Galeano e o Bukowski no saco – de outras companhias me vou temendo – na mochila uma velha reflex, toalha às risquinhas, maillot cerúleo e havaianas amarelas, prometo não chatear nos próximos dias.
O portátil fica no saco e o telemóvel perde a bateria. Apenas desejo e espero que o mar esteja frio que baste para revigorar esta velha carcaça, que de vigor bem carente anda, de tão puída pelo poluidor bruááá local, esperançosa ainda do saboreio de umas saudáveis e democráticas sardinhas grelhadas, que se não superam bifanas, viriatos e bitoques do Dão, terão que prover ao parco sustento, deste Agosto assim finado e molhado…
Paulo Neto