Já aqui o tinha referido, mas ontem, ao dar uma mais ampla volta por Viseu, voltei a constatá-lo. Nesta cidade os cartazes da CMV anunciando novas obras crescem como erva maninha.
Se levarmos uma máquina calculadora e começarmos a somar as anunciadas verbas que vão ser despendidas, depressa chegamos a números astronómicos. Não “são rosas, Senhor…”, mas são milhões. Milhões de euros que este município não tem, mas que insiste no faz de contas do ter e do fazer.
A gorda maioria desta publicidade institucional não passará duma mera falácia ou de uma declaração de intenções.
De promessas anda o inferno cheio, dizem. De boas intenções também, acrescentam.
Infelizmente para os viseenses quase tudo se cinge a meras operações de marketing “roskof”, de um município ancho em palavras e esconso nos actos.
Vão seis anos de mandato e nada de substantivo à vista. Faltam dois parcos anos para as eleições. Provavelmente, Almeida Henriques, agora com o espectro de Ruas recambiado para Lisboa, aguardará um portentoso prodígio que lhe confira, enfim, a credibilidade autárquica perdida.
Para entreter, volta à liça com o Mercado 2 de Maio e a sua mega cobertura com painéis fotovoltaicos… Poderá haver quem não goste desta obra de Siza Vieira, arquitecto no top 10 do reconhecimento mundial, mas como diz um amigo meu: “Um mau Van Gogh é sempre um Van Gogh…”.
Depois de Almeida Henriques & Sobrado (qual Dupont & Dupond), Viseu ficará irreversivelmente irreconhecível, agora que vêm ainda aí mais os buracos dos silos autos vendidos à espanhola Saba. Ou o Vissaium XXI, uma nova associação de desenvolvimento regional a fazer lembrar a Lusitânia de má memória, para captação de esfumados milhões em fundos comunitários…
Por vezes, a transfiguração, marca da evolução, é altamente positiva. Até prova em contrário, desta dupla esperar-se-á apenas delapidação de dinheiros públicos em “fancaria” de duvidoso gosto e destruição do existente sem contrapartidas válidas e credíveis de substituição.
Paulo Neto