Hoje levantei-me com o desejo de que, no Dia das Mentiras, António Almeida Henriques falasse verdade sobre o exercício autárquico que há meia dúzia de anos desenvolve em mandato e meio de espectáculo.
Provavelmente até acontecerá. Não por meu inocente desejo, mas porventura porque hoje, o que é raro, não tenha nada para dizer e não queira correr o risco de ser “mal interpretado”, ou de acreditarem nele.
São sistemáticos os seus “inconseguimentos” e, se por alguma coisa se tem destacado é-o exactamente pela sua “não-acção”, muito cosmeticizada pelos arroubos lírico-informativos do desvelado Sobrado, mais do âmbito de um pelouro da Propaganda que da Cultura, Turismo e ”tal e coisa”.
Retumbante nas suas crónicas divulgações do que vai fazer e não faz, utilizador ardiloso do futuro do indicativo como tempo e modo de um porvir sobre o qual não será responsabilizado, ciente do alheamento da maioria dos destinatários da sua estrídula vozearia e consciente da desmemória e acriticismo dos outros, lá vai singrando, estilo Frank Sinatra, microfone junto à boca, em qualquer propício palco, a jeito posto.
O “espírito do nosso tempo” (Ortega y Gasset dixit) é favorável a este tipo de políticos do significante sem significado, ou da imagem acústica sem conceito, num tempo “very light”, de “conformismo, complacência e autossatisfação“.
Neste tempo do vazio e da frivolidade, a tribo, massificada no comodismo entronizou-se confortavelmente na “civilização do espectáculo” (Vargas Llosa) e na desvalorização do pensamento.
António Almeida Henriques é o melhor autarca/alcaide ibérico. E a Viseu saiu a sorte grande, com ele e seu acólito Sobrado. Ponto final.