Almeida Henriques é um “plantador”, correndo o risco de tirar o cognome ao rei D. Dinis, que, com fama e proveito, plantou pinhais de norte a sul do reino, sem esquecer Leiria, esse rei que foi visionário, poeta e lavrador.
“Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver, (…)”
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Mas, tirando as suas plantações de cartazes – agora ditos outdoors – pouco mais lhe conhecemos de profícuo alcance. Há muito coelho na cartola – diz-se e murmura-se – mas para 2018/2019/2020/20… O que também prova inequivocamente que seus inquietos olhos se pousam mais no futuro, senão no infinito. Não sendo um homem do passado, tão pouco ó é do presente.
Desses outdoors onde o auto panegírico se lavra fundo a folha de rabiça bem enfiada terra adentro, se apura terem-se gastos milhões na Educação dos nossos jovens, milhões com as Juntas de Freguesia, milhões em Desporto dos nossos viseenses e, a nível de turistas estimulados pelos seus apelos em tudo que é “press” ou anti-press, se toma conhecimento que (salvo o erro, porque a memória já me falta) tivemos já mais 18% de turistas no ano de Visitar Viseu. É obra!
Tanta informação até corre o inglório risco de gerar hipo assimilação… porém, estranhamente, há um cartaz que Almeida Henriques y sus muchachos não plantam nas colinas vistosas da urbe: o dos milhões gastos em publicidade para se promover, à sua equipa e à sua visionária obra.
E nem vale a pena socialistas, comunistas, bloquistas questionarem-no na Assembleia Municipal sobre o assunto, porque o silêncio é ensurdecedor. E nem vale a pena tentarem deslindar na contabilidade da Câmara sobre o assunto, porque a blindagem é estanque.
(…) “E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.” (…)
Viseu Faz Bem, diz ele. À saúde de alguns, dizemos nós. E à custa de todos os munícipes, acrescenta o Compadre Zacarias…
Claro que o Fernando Pessoa é um imenso poeta. Almeida Henriques vai a caminho de o ser, pois “Mensagem” é o que não lhe falta.
(foto DR)