“Eles erguiam o seu pensamento demencial em direcção aos espaços infinitos, e morreram num subterrâneo.”
(Pauwels, L. e Bergier, J. – “O Despertar dos Mágicos”)
As verdades acrónicas e universais deveriam estar epigrafadas nos tampos em mogno das secretárias de banqueiros, políticos e trampolineiros por aí pululantes, inscientes deslumbrados da efemeridade de algum poder que exercem, desprovido da quase total autoridade moral para o exercício de que foram aleatoriamente investidos.
A CGD, para já, no distrito de Viseu, só encerra o balcão do IPV (quem diria que ele lá existia?). E se começasse por alienar a sede, aquele palácio sumptuoso de betão, inexpugnável fortaleza onde se têm refugiado, com mordomias faustosas e impunidades garantidas, gerações sucessivas de administradores e decisores a mando dos políticos de circunstância?
Quando é que o português pagante dos fretes bilionários sabe – num inalienável direito – a quem e por quem foram feitos? E quando são responsabilizados os gestores/geradores dessas imparidades (lindo nome, que pouco terá a ver com PQP…).
Segundo um estudo recém-publicado, Viseu e Guarda são as duas cidades portugueses com o mais alto teor de emissões de radão na atmosfera. Substância de risco, responsável por uma percentagem x de cancro do pulmão.
Quem são os responsáveis? O que foi feito pelo ministério do Ambiente para cumprimento das directrizes comunitárias neste domínio? E qual o grau de preocupação dos autarcas com esta quase secreta e “confidencial” matéria?
Por aí, ali e além o governo em exercício mantém em cargos de nomeação e responsabilidade política os “afilhados” do “ancien régime”. António Costa parece contar com a fidelidade deles e vai-os eternizando em lugares decisórios de onde já deveriam ter saído há muito tempo. Aliás, se muitos deles não tivessem graves lesões “de coluna”, sairiam pelo seu próprio pé. Mas, serventuários que são com imenso espírito de missão e sacrifício, lá se mantêm agarrados à cadeira como lapas ao calhau…
Esta benevolência de Costa é inversamente proporcional à de Coelho & Portas quando, com a sua maioria coligada, aterraram no poder. E se muitos destes comissários circunstanciais tivessem por trás das nomeações algum critério parecido – mesmo se de longe – com o mérito, ainda seria compreensível esta longa dilação temporal, todavia, grande parte deles – e salvaguardam-se duas ou três honrosas excepções – são a cara chapada de quem os indicou, dos motivos clubísticos que nortearam o nomeador e, hoje, infeliz e desgraçadamente, o rosto do partido político que os “patrocinou”.
Uma “democrática” vergonha que se pagará nas urnas e que resulta, na sua essência, da incompetência gritante das estruturas políticas partidárias distritais.