Almeida Henriques afirmou, sem se rir, no fórum nacional: ”I Convenção Nacional dos Serviços”, subordinado ao tema: “ As cidades do futuro e as políticas públicas” que desenvolveu “o conceito de felicidade” no tocante à vivência em Viseu.
Porque ando eu tão distraído? E a maioria dos munícipes?
Este autarca faz das mais mirabolantes ideias ilusórias, numa prestidigitação semântica, verdades alardeadas aos sete ventos e, depois de as depurar com muita saliva, no palato, parece acreditar nelas. Vejamos estas afirmações, parafraseando com a devida vénia o jornal “Dinheiro Vivo” de 24 de Março:
“Em Viseu, a herança ajudou. A cidade tinha boas infraestruturas e a autarquia encontrava-se uma situação financeira estável. No entanto, a cidade estava muito virada para a obra e pouco para a sustentabilidade, quer do ponto de vista económico, quer ambiental. (…) Além de ter desenvolvido “o conceito de felicidade” para capitalizar a grande vantagem da cidade face a outras, a qualidade de vida, o município de Viseu apostou no triângulo educação, desporto e cultura. “Quisemos atrair e fixar investimento na cidade, que estava esquecida. Anteriormente só se apostava nos arredores”. Além de procurar captar investimento, a autarquia quis também “estar atenta às empresas que já operavam no concelho e criar condições para que participassem no processo”. Houve também uma grande aposta na tecnologia para transformar Viseu numa cidade inteligente e eficiente…”
Enfim, depois das farpadas do costume ao seu antecessor Fernando Ruas a quem não poupa a oportunidade de criticar: “a cidade estava muito virada para a obra e pouco para a sustentabilidade, quer do ponto de vista económico, quer ambiental”;… “quisemos atrair e fixar investimento na cidade, que estava esquecida. Anteriormente só se apostava nos arredores”, vem também vender o conceito de Viseu Smart City apostando no conceito de felicidade para capitalizar a grande vantagem da cidade face a outras…
É por demais evidente que este indivíduo congemina – ou alguém por ele – estes conceitos vazios que lhe enchem a boca mas, em boa verdade, não têm sustentabilidade alguma, antes pelo contrário, são a claríssima evidência de que, quem nada tem de objectivo para anunciar se remete à subjectividade esotérica de conceitos tipo IURD, para afirmar uma linha de acção inexistente.
O Smart City Index Portugal, de Dezembro de 2016, no seu longo relatório de 146 páginas, que pode consultar ao pormenor no link infra, analisando as 36 cidades portuguesas a seguir listadas, em domínios vários, chega à conclusão dos seguintes TOP10.
Águeda
Albufeira
Amadora
Aveiro
Baião
Barreiro
Beja
Braga
Bragança
Cascais
Castelo Branco
Esposende
Faro
Guarda
Guimarães
Lagoa
Leiria
Loulé
Macedo de Cavaleiros
Maia
Matosinhos
Olhão
Portalegre
Portimão
Porto
Póvoa de Varzim
Santarém
Sintra
Torres Vedras
Trofa
Valongo
Viana do Castelo
Vila Nova de Famalicão
Vila Nova de Gaia
Vila Real
Viseu
TOP10 – Análise Global
Porto
Águeda
Cascais
Bragança
Guimarães
Matosinhos
Braga
Sintra
Aveiro
Santarém
TOP10 Governação: Viseu aparece em 5º lugar.
TOP10 Transparência: Viseu aparece em 5º lugar.
TOP10 Inovação: Viseu não aparece.
TOP10 Competitividade e Economia local: Viseu não aparece.
TOP10 I&D e Tecnologia: Viseu aparece em 7º lugar.
TOP10 Sustentabilidade: Viseu não aparece.
TOP10 Mobilidade: Viseu não aparece.
TOP10 Boas Práticas Energia: Viseu não aparece.
TOP10 Ar e Emissões: Viseu não aparece.
TOP10 Gestão de Água e Resíduos: Viseu não aparece.
TOP10 Biodiversidade: Viseu não aparece.
TOP10 Qualidade de Vida: Viseu não aparece.
TOP10 Cultura: Viseu aparece em 7º lugar.
TOP10 Educação: Viseu aparece em 9º lugar.
TOP10 Conectividade: Viseu não aparece.
Ou seja, e em suma: Em 15 fundamentais indicadores, Viseu aparece no TOP10 de 36 cidades em 5, num rangue sempre abaixo de meia tabela, não atingindo o topo em nenhuma. Notemos que não foi analisado o universo nacional.
Talvez este relatório tivesse falhado ao não incluir a felicidade, aí, sem indicadores objectivos concretos, mesuráveis e palpáveis, e a fazer fé na retórica megalómana, estaríamos no primeiro lugar. Pena é que os viseenses não o sintam…