Montepio e Martifer… afinal, o que os une?

    O Montepio e a Martifer têm em comum o “Eme” inicial do seu nome, mas, pelos vistos, outras iniciativas partilham. O semanário “Expresso” noticia nesta edição as estranhas relações entre este grupo empresarial sedeado em Oliveira de Frades e este banco que, parece estar envolvido em mais trapalhadas do que aquelas que a […]

  • 13:32 | Domingo, 19 de Março de 2017
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O Montepio e a Martifer têm em comum o “Eme” inicial do seu nome, mas, pelos vistos, outras iniciativas partilham.
O semanário “Expresso” noticia nesta edição as estranhas relações entre este grupo empresarial sedeado em Oliveira de Frades e este banco que, parece estar envolvido em mais trapalhadas do que aquelas que a sua idoneidade bancária permitiria.
Não será só por isso que se gerou uma corrida de clientes aos balcões a retirar os seus depósitos, mas também este caso contribuirá para desacreditar uma banca que, e em geral, com os casos BPN, BPP, BANIF, BES, CGD… tem provado que o sector bancário, nas suas relações promíscuas com a política e determinados grupos empresariais, apostou definitivamente em auto-desacreditar-se mas, muito mais grave, em lesar em milhares de milhões todos os portugueses, quer pela perda de seus bens às suas guardas confiados, quer pelas injeções contínuas de capital que os governos têm feito, em derradeira instância, com o dinheiro dos contribuintes.
O “Expresso” anuncia que o Banco de Portugal está a analisar uma “operação montada para maquilhar as contas”. O mínimo que se espera é que esta auditoria seja célere e não ponha os portugueses perante factos irreversivelmente consumados e economicamente lesivos, como já é lamentável hábito e tristíssima sina.
Interessante é percebermos esta “boa” relação do Montepio com a Martifer, mas também com outros “players” locais, como a Câmara capitaneada por Almeida Henriques, a quem tem patrocinado eventos em dezenas de milhares de euros, e  com a Escola Profissional Mariana Seixas, a quem, provavelmente por intercessão deste autarca, cedeu instalações na Rua Direita para alegada “revitalização do centro histórico”.
Voltando ao assunto principal, a operação em questão ocorreu em 2016 e envolve, entre outros, Félix Morgado, João Neves… tendo este último administrador sido por duas vezes chumbado pelo Banco de Portugal “por questão de idoneidade”.
Nesta “maquilhação” de contas surge entre uma empresa de nome I’m Mining, sedeada em Aljustrel, adquirida no tempo de José Sócrates, e “controlada” por Carlos Martins e Jorge Martins, da Martifer, a qual iria vender por 24 milhões, os 19% que o banco lá detinha a outra empresa, a Vogais Dinâmicas (“veículo financeiro”), cujo administrado único é Carlos Martins, também da Martifer, por forma a o Montepio apresentar lucro e esconder os prejuízos.
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Com esta operação, esta empresa seria valorizada de 360 para 492 milhões de euros, o que resultaria num aumento da participação do banco em 24 milhões. No entre acto, esta participação seria comprada pela Vogais Dinâmicas.
Entretanto, no meio da polémica, começa a falar-se e no mínimo, de “um acto de gestão duvidoso”.
Contudo, a Vogais Dinâmicas (vidé supra), criada um dia antes do fecho das contas do Montepio, tem um capital social de apenas 50 mil euros, ou seja, não tem capital nem histórico para adquirir a participação da CEMG na I’m Mining.
Aí entra de novo a Caixa Económica Montepio Geral com um empréstimo de 195 milhões de euros à Vogais Dinâmicas.
Citando o “Expresso”:
“a CEMG torna-se assim acionista de um veículo financeiro, que financia, para este lhe comprar uma participação e assim compor as contas.”
A operação foi abortada mas, o sentimento ou pressentimento que fica a pairar é que estas “estranhas engenharias financeiras” deveriam passar além da alçada do BdP e começar a ser profundamente investigadas pela Justiça.
Os portugueses estão cansados das “chico-espertices” de uma dúzia de “iluminados” que parece viverem de grandes expedientes financeiros para sustentar os seus grupos empresariais, mas também de certa banca que usa de um ilusionismo bizarro – e isto já é um eufemismo – para, com toda a imunidade e impunidade, mos fazer passar a todos por parvos.
Enquanto casos desta natureza não passarem para a alçada da Justiça, pilar e garante da democracia num estado de direito, e não forem inequivocamente dilucidados, todos estes e outros ziguezagues sinuosos – passe a redundância – parece que vivemos na Somália, no Panamá ou no Turquistão.
 
 
 

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