Duas notas… e uma para louvar Almeida Henriques

    Almeida Henriques está de parabéns. A instalação dos semáforos na circular externa de Viseu e demais sinais luminosos nas passadeiras pedonais é um grande e fecundo esforço para diminuir a sinistralidade rodoviária. Muito maior do que aquele exercido pelo comando da PSP, que para além dos radares não consegue congeminar uma medida profilática […]

  • 10:12 | Quinta-feira, 02 de Março de 2017
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Almeida Henriques está de parabéns. A instalação dos semáforos na circular externa de Viseu e demais sinais luminosos nas passadeiras pedonais é um grande e fecundo esforço para diminuir a sinistralidade rodoviária.
Muito maior do que aquele exercido pelo comando da PSP, que para além dos radares não consegue congeminar uma medida profilática e pedagógica com sucesso, numa atitude comodista, conformista e de oportunidade duvidosa.
 
Ontem dei-me ao trabalho de assistir à audição de Paulo Núncio, o ex “mister fisco” do CDS-PP.
A sua empáfia cedo se esvaziou e o auto-elogio não colheu. A arrogância e o auto-convencimento desvaneceram-se perante a pertinência das questões, cirúrgicas, de Mariana Mortágua e Brilhante Dias, enquanto Cecília-qualquer-coisa parecia um torquemada histérico na defesa histriónica do “colega”. Coitada, fez o seu papel…
Estes governantes são despudorados, descarados, prepotentes. A percepção profunda de que estivemos nas mãos de gente desta estirpe é tão descoroçoadora que até dói… A democracia portuguesa foi ofendida pelo PàF de um modo irreversível, danoso, lesivo de Portugal e dos milhões de portugueses, em prol ou favor de uma ínfima minoria de coroados do reino.
Isto é terrível, mas cordo, o gentio, come e cala…
Núncio é um mero exemplo. Carlos Costa, governador do Banco de Portugal é um outro exemplo negativo de que a “Corja”, de Camilo Castelo Branco era, afinal, de uma provinciana candura constrangedora e meramente bem-humorada.
A consciência de que estivemos nas mãos de gente amoral (ou imoral, escolham), a gerir a res publica, como se fosse um canteiro do seu jardim, ao sabor das inverdades de circunstância, dizendo o que lhes ocorre ao toque das conveniências de momento, um dia sim, outro não, no seguinte “nim”, dá-nos para perceber que eles têm a noção de que Portugal é a sua horta, que cultivam a seu gosto, sem dos actos a ninguém dar satisfações.
Evidência, nesta impunidade e imunidade, que estão acima de todas as leis de um estado de direito e democrático. Pedro Coelho, da SIC, tem razão… eles vivem num castelo inexpugnável como sibaritas alheados do mundo real que olham – se olham – apenas através da inchada desmesura dos seus umbigos túmidos.
É nojenta a sensação que fica e é desoladora a noção do acriticismo, acefalia e indiferença de um povo espoliado que assiste a todos estes folhetins como assiste a um match de futebol, insultando o árbitro para de seguida curar as mágoas com duas “loiras” e um pires de tremoços.
Esta catrefada de políticos de circunstância e oportunidade, promíscuos e serviçais dos donos disto tudo, faz-me lembrar um livrinho que há muito tenho mas hoje me voltou à mão, ensacado com uma revista semanal: “Cândido ou o Optimismo”, de Voltaire, sátira devastadora publicada em 1759, onde o protagonista, educado num castelo sob a convicção de que vivemos num mundo perfeito, quando expulso pelo barão, descobre que afinal o mundo é um lugar temível, um inferno… um extracto:
“—As grandezas – disse Pangloss – são muito perigosas, segundo afirmam todos os filósofos. Porque, enfim, Eglon, rei dos moabitas, foi assassinado por Aod; Absalão foi pendurado pelos cabelos e atravessado por três dardos; o rei Nadab, filho de Jeroboão, foi morto por Baza; o rei Ela por Zambri; Ocozias por Jehu, Atalia por Joad; os reis Joaquim, Jecónias, Sedécias, foram feitos escravos. Toda a gente sabe como morreu Creso, Astíages, Dario, Denis de Siracusa, Pirro, Perseu, Aníbal, Jugurta, Ariovisto, César, Pompeu, Nero, Otão, Vitélio, Domiciano, Ricardo II de Inglaterra, Eduardo II, Henrique VI, Maria Stuart, Carlos I, os três Henriques de França, o imperador Henrique IV. Todos sabem…
— Também sei – interrompeu Cândido – que é preciso cultivar a nossa horta.”
Que cada um tire deste excerto a ilação que lhe der jeito. Eu tirei a minha…

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