A Europa está no apogeu da sua decadência. A este facto não são alheios os últimos 17 anos de líderes medíocres. Passado o tempo de um Jacques Delors e da sua visão clarividente, desde setembro de 1999, com a eleição de Romano Prodi, dos Democratas Liberais, aos quais se lhe seguiram Durão Barroso e Jean Claude Juncker, do Partido Popular Nacional, que a Europa caiu nas mãos do desenfreado neoliberalismo que, como escreve Jorge Sampaio numa longa missiva publicada por um quotidiano nacional, a conduziu “à financeirização da economia e ao capitalismo autoritário dos valores asiáticos”.
A Europa dos 19 tornou-se uma filial fracturante de um clube da elite, tipo Bilderberg, sob uma crise “emaranhando razões, falácias e demagogias, disfarçando disfuncionamentos e problemas que foram deixados para trás sem que tivesse havido tentativas sérias de os resolver, a não ser através da convocação de sucessivos grupos de sábios e da apresentação de relatórios sobre o futuro da Europa, depressa deixados de lado.” (id ib).
Hoje, com os refugiados Sírios com que a Europa não soube lidar; com o a crescente e imprevisível acção terrorista que não soube prever; com a saída da GB (o Brexit) que a Europa não soube evitar; com um continente a soldo dos tresvarios bancários que não soube profilacticamente contrariar; com a emergência de despóticas oligarquias, ali ao lado, na Turquia, que não soube desencorajar; com o recrudescimento do populismo demagógico e perigosamente xenófobo que não soube inverter, antes o acalentando, em França, na Itália, na Alemanha; espremida entre os dois czares, Trump e Putin; asfixiada por uma Alemanha que, em breve se aliará aos “novos” EUA, como parceiro privilegiado e único Europeu; com a crise das dívidas soberanas que alimentou a mando da cupidez dos selvagens grupos macroeconómicos… que sobeja hoje dessa Europa onde a sua Comissão deveria ter um sentido comum e onde a união deveria prevalecer como um todo?
A Europa estertora. Ao lado, erguem-se novas realidades com as quais não sabe (ou não quer) lidar. A geoestratégica política mundial tornou-a um jogo de monopólio, um quintal de três potências com milhões de “jardineiros” a lutar num terror crescente pela posse de um bolbo ou raiz de sobrevivência…
Essa Europa, vendida à comodidade dos seus representantes alheios da realidade a pairar, ou faz uma reinflexão de 180º ou se torna uma cortesã fanada de proxenetas sem escrúpulos.