O director de um qualquer jornal angolano editado em Portugal escreveu um livro.
E daí, perguntará o leitor? Se toda a gente escreve um livro… porque não podia o inefável José António Saraiva, escrever um ou dez, ou vinte?
Na sua magnanimidade foi pedir ao líder do PSD em pré desgraça, Passos Coelho, que lho apresentasse. Este, ansioso de todo e qualquer acto mediático que o “holofotize”, logo aceitou.
Dias após, foi-se por aí ouvindo que o enredo do livro – que não terá enredo nenhum – era sobre “cusquice” política com sexo à mistura.
Credo, que picante! O Saraiva a escrever sobre sexo…
Da Gradiva, que tinhamos como uma editora de sólida reputação, o dito cujo intitula-se “Eu e os políticos”, tendo como sub-título “O que não pude ou não quis escrever até hoje”, apresentando na capa sobre fotos dessa espécie social, um buraco da fechadura (voyeurisme?) e sublinhado o dizer “Livro Proibido”.
Convenhamos que esta caldeirada servida no convés tem os peixes todos, do linguado à enguia, não esquecendo o lingueirão e o rodovalho…
Entretanto, já um assessor de imprensa de Passos Coelho, que lesto aceitara o convite, depois de algumas ondas levantadas, tinha proferido à comunicação social:
“O Dr. Pedro Passos Coelho aceitou o convite mesmo antes de ler o livro. Este convite foi aceite tendo em conta a admiração que o Dr. Pedro Passos Coelho tem pela carreira e pelo papel que o arquiteto José António Saraiva desempenhou e desempenha no jornalismo português.”
Há quatro dias, Passos Coelho veio “clarificar” perante a polémica levantada e as ondas que formaram um tsunami:
“O arquiteto José António Saraiva convidou-me para me associar ao livro que ia fazer e respondi que sim, mesmo antes de conhecer a obra e aceitei fazê-lo. Não sou de voltar com a palavra atrás nem de dar o dito por não dito. Estarei a fazer a apresentação dessa obra. Cada um terá a sua opinião sobre o conteúdo, não fui eu que escrevi o livro tão pouco, o autor é ele não sou eu. Não vou defender o livro nem as suas perspetivas, ainda nem tive ocasião de completar a leitura, não é essa a questão”, mais enfatizando: “O autor é ele, não sou eu.”
Ontem, apesar de Passos Coelho honrar a sua palavra, voltou com ela atrás pedindo ao autor do livro que o “desobrigasse” do acto, o que levou a editora a cancelar o lançamento.
Evidentemente que após este golpe de asa promocional, esta estratégia notável de marketing, o livro já esgotou..
Portas também já tinha mostrado a sua coerência com o famoso “irrevogável”, que custou milhões ao erário público. Coelho é mais modesto, deu a ganhar uns milhares ao Saraiva…
Curioso é também perceber que Passos aceitou sem ler e tendo em conta a admiração que tem acerca do Saraiva.
Estamos falados!