Para Além do Horizonte – Cinco Réis de Gente
De Barzabu à frente, uma vara com o competente nagalho em bandoleira à laia de escopeta metia pela quinta fora dos Sanhudos. Meu pai dizia: – Anda a descobrir mundo. In Cinco Réis de Gente Antes fora casa de fidalguia, esse amplo casario de granito macio que a rijeza do sol fora […]
De Barzabu à frente, uma vara com o competente nagalho em bandoleira à laia de escopeta metia pela quinta fora dos Sanhudos.
Meu pai dizia:
– Anda a descobrir mundo.
In Cinco Réis de Gente
Antes fora casa de fidalguia, esse amplo casario de granito macio que a rijeza do sol fora tostando devagarinho, tal como acontecia com o cabelo da gente na demora que levava a tingir de branco. Que isso se descobria na austera solenidade da pedra gasta das escadas que subiam até à plataforma onde demorava a capela que arvorava uma sineira maneirinha e a entrada familiar, na amplidão do pátio para onde se abriam as largas porteiras da casa de lavoura com tulha e lagares e a morada dos caseiros, mística das hortas e de um renque de sabugueiros.
O muro alto de pedra lavrada onde se abria o avantajado pórtico por onde em tempos entravam caleches e homens a cavalo e que arvorava, ao alto, o brasão da família de muitos costados encimado por timbre de um leão amodorrado resguardava, sobre o Poente, esse chão construído de lenda e mistério.
Já não havia portas ao tempo da infância de Aquilino e da fundura do pátio podia olhar-se o horizonte distante de céu lavado nas luzidias manhãs de primavera ou pintado com a cor do ouro velho que lhe traziam os refervores do estio.
Campo aberto sobre o longe, até ao fim do mundo. Sete-partidas de caminhos para correr. Um dia.