Ainda a propósito da Unidade de Radioterapia e do Centro de Referência Hospitalar, a história mais mal contada do ano…
Há uma tendência natural na informação/opinião de hoje a deixar esquecer a notícia ao fim de 24 horas da sua eclosão…
Há uma tendência natural na informação/opinião de hoje a deixar esquecer a notícia ao fim de 24 horas da sua eclosão…
Todavia e perante os factos, convém trazer ao de cima – e para essa arqueologia o RD é uma óptima fonte diarística – o que foi dito sobre este assunto.
Vamos lá então.
Num comunicado da Liga de Amigos e Voluntariado do CHTV, de Abril de 2015, esta referia que após uma visita de cortesia a Almeida Henriques, este os informara “do conteúdo da sua reunião recente com o Senhor Ministro da Saúde, em que ficou finalmente definido que a Unidade de Radioterapia será instalada em Viseu, não no Centro Hospitalar, mas sim numa Unidade de Saúde Privada com protocolo com o Serviço Nacional de Saúde.”
Perante os factos e face a uma pergunta do Grupo Parlamentar do PCP ao ministro da tutela, que ficou sem resposta …
… o PS Viseu decidiu arregaçar as mangas e questionou sobre o assunto Almeida Henriques que “chutou para canto”.
“Face às notícias de que a unidade de radioterapia, há mais de uma década reclamada para Viseu, a vir para Viseu seria no privado e não para o Centro Hospital Tondela-Viseu, procurámos obter mais informações do Sr. Presidente da Câmara.
Percebendo pela sua resposta que lhe é “indiferente” que a mesma seja criada no sector privado ou no público, manifestámos a nossa discordância por temermos que a instalação deste serviço no privado não assegure as condições de acesso universal a toda a população e especialmente aos grupos mais carenciados e por entendermos que estamos perante mais um “não investimento” deste Governo no Centro Hospitalar Tondela-Viseu e na nossa região.”
Depois, com a mudança do governo, Almeida Henriques e Mota Faria reempenharam-se em exigir deste o que não exigiram àquele, e um ano depois o presidente da Assembleia Municipal volta à carga, repentinamente diligente, com um ofício a “colegas” em idênticas funções, referindo e pedindo…
“Assim, a Assembleia Municipal de Viseu, por unanimidade, tem vindo a solicitar que seja tomada a decisão da criação do Centro Oncológico com as Unidades de Radioterapia e de Medicina Nuclear no CHTV. Apelamos também que, a Assembleia Municipal que V. Exa. Superiormente dirige, se associe a esta reivindicação em defesa dos doentes e da diferenciação técnico-científica do Centro Hospitalar.”
E porém, a administração do CHTV, por bizarros e pouco credíveis motivos invocados, perde a candidatura ao Centro de Referência. Aqui citamos o nosso estimado colaborador Carlos Cunha, que na sua crónica de 21/04/16 escrevia:
“Os Centros de Referência são unidades de saúde altamente especializadas, dotadas de recursos humanos com elevadas qualificações e conhecimentos técnicos em determinada área clínica e equipamentos de extremo valor. Possuem ainda competências na área do ensino, formação e investigação, estando ainda obrigados a publicar estudos na área da sua especialidade.
Numa linguagem mais acessível, podemos afirmar que os Centros de Referência estão para os hospitais assim como a estrela Michelin está para os restaurantes.
Atualmente existem em Portugal 82 Centros de Referência na área da saúde, que vão desde a cardiologia, passando pelo cancro do recto, pela oncologia pediátrica até ao transplante hepático para citar apenas alguns.”
Também segundo o bloquista e deputado municipal Carlos Vieira de Castro, na última reunião da AM, os deputados do PSD – com duas abstenções – votaram contra a reabertura deste processo de candidatura. Porquê?
Na sua moção pode ler-se:
“O Centro Hospitalar Tondela Viseu (CHTV) entregou a sua candidatura para centro de referência nas áreas do cancro cólon-rectal e do cancro hepatobílio-pancrático, mas a candidatura não foi aceite pelo Ministério da Saúde devido a ter chegado fora do prazo, tendo o Conselho de Administração do CHTV reconhecido publicamente que devido à falta de pessoal durante o período de férias e ainda por uma confusão com a contagem do dia 21 de Setembro, feriado municipal em Viseu, como feriado nacional, a carta endereçada ao Ministério da Educação acabaria por chegar com um dia de atraso relativamente ao prazo final estipulado no aviso de abertura das candidaturas;”
E mais…
“O deputado municipal do BE, Carlos Vieira e Castro apresentou hoje as seguintes moções na Assembleia Municipal de Viseu, “tendo a primeira sido aprovada por unanimidade e a segunda foi chumbada com os votos contra da maioria do PSD, sendo que o secretário da mesa, João Cotta e o deputado José Alberto Ferreira, destacados eleitos pelo PSD, entre outros 7, abstiveram-se, depois de uma prolongada picardia entre o PSD e o PS acerca dos “boys” no Conselho de Administração do Centro Hospitalar Tondela Viseu.
O BE lamenta que o PSD tenha sobreposto à defesa dos interesses de Viseu, da Região e do Centro Hospitalar Tondela Viseu, subjacente ao ponto 1 da Moção onde se solicitava ao Ministério da Saúde a reavaliação da candidatura do CHTV a centro de referência em duas áreas oncológicas, para defender o Conselho de Administração a quem no ponto 2. se solicitava esclarecimentos sobre a responsabilidade no atraso da candidatura, invalidando-a.”
E agora, à laia de remate final, haverá alguém, com responsabilidades políticas que nos explique esta “marmelada” toda?
Aquilo que no governo PàF era uma prioridade para os privados, passou agora, no governo PS, a ser uma “mal-amanhada” exigência (para “inglês ver”) para os eleitos locais do PSD, cujos nomeados políticos em comissão na administração do CHTV cometem erros tão assazmente grosseiros, em total impunidade?
Porque não o foi de início? É esta a forma que têm de servir os munícipes, os utentes, o território, a Saúde Pública? De acordo com a mais mesquinha politiquice da treta?
E já agora confirma-se ou é só boato que o administrador do CHTV foi chamado a Lisboa e convidado a demitir-se? O que terá recusado, levando a comissão de serviço até seu termo, ou seja, até final deste ano?
Há um desnorte muito grande nesta tão mal amanhada leira. Histórias incompletas e mal contadas. Dicotomias de critérios e de atitudes. Actos lesivos e mal explicados.
O que é que tudo isto, afinal, terá a ver com o crescimento e a próxima abertura da Saúde Privada em Viseu? Alguém nos clarifica?
Sobre isto que têm a contrapor, com assertividade, rigor e acutilante transparência o PS, o PCP, o BE? Já não falamos do CDS/PP que “amochou” e curvou a cerviz depois de se ter resignado e se ter submetido integralmente ao ex-parceiro do PàF… No fundo, parece que só queria eleger o seu deputado por mais uma legislatura. O que conseguiu, a reboque.
Afinal, toda esta “salsada” é para esquecer? Não há responsáveis? Que ilações políticas devem os eleitores daqui tirar? E referentemente aos actos da administração do CHTV?