O presidente Marcelo está a surpreender os portugueses tão órfãos deixados pela medíocre, arrastada, bafienta e partidarizada longa passagem de Cavaco.
Cavaco, o homem que, no camarote de onde assistia às celebrações do 25 de Abril, parecia ter as mãos insuportavelmente doridas com uma qualquer artrose/artrite, que nem palmas lhe permitiu bater. Igual a si mesmo nas suas crónicas insuficiências.
Por seu turno, Marcelo – em quem eu não votei – empenha-se na concórdia lusitana, o que quer que tal seja, esbarrando cerce no impedido de Coelho, o Montenegro, que se erigiu a porta-voz do ressabiamento laranja, decerto para poupar o líder em queda livre, remetido, como Cavaco, ao silêncio triste e tartamudo dos pouco inocentes, desorientados e muito comprometidos.
Marcelo, a vedeta de quem todos começamos a gostar, congrega sensibilidades, exibe cultura, no sentido mais lato e também no sentido democrático da expressão, encontra consensos onde o seu antecessor semeou animosidades pela raiva incontidas.
No parlamento europeu, Marcelo foi ovacionado de pé. Idem na assembleia da República. Agraciou, simbolicamente dois nomes grandes da Saúde, Arnaut, pai do SNS e Lobo Antunes. Homenageou um nome grande das Letras, Manuel Alegre, que a Marcelo se rendeu.
No seu discurso do 25 de Abril, deu um forte puxão de orelhas ao PSD e ao CDS, que e pela reação de seus líderes, parece só lá irem com uns tabefes, mas mais eficazes que os facebookianos distribuídos pelo ex-ministro da Cultura.
Marcelo está em todo o lado, não havendo causa que não o reclame nem cidadão que não lhe busque a selfie.
Está bem. É eficaz. Simpático. Esforça-se por Portugal e pelos portugueses, atitude a que não estávamos habituados. Fundamentalmente começa a dar ao mundo uma imagem, não de vã arrogância bacoca, mas de orgulho e reconciliação.
Claro, miúdos mimados à parte…
(foto DR – Sol)