Se não os soubéssemos resilientes (como agora se usa para não se dizer casmurros) quase pensaríamos que se tinham extinguido, como o lince da Malcata.
Pelo menos, extintos parecem estar enquanto vereadores da oposição eleitos para a autarquia viseense.
Hélder Amaral engoliu muito sapo – o que é normal em política – para se aliar ao PSD, no PàF. Só faltou andar de braço dado com Fernando Ruas, no Rossio, mas decerto que se não sucedeu, não foi por sua expressa vontade.
Acaba agora de ser despromovido por Assunção Cristas, a nova leader do CDS/PP, no dizer de Carlos Cunha, estimado colaborador do RD que parafraseamos:
“A descer esteve também a Distrital de Viseu, que viu Hélder Amaral ser apeado da restrita Comissão Política Nacional Executiva…”
Sinal das eras, a Hélder Amaral augura-se um tempo difícil, num distrito apático, com os militantes dispersos, sem caçoilo para os nutrir, com uma concelhia fantasma e uma distrital que ele próprio acumula, fazendo figas atrás das costas, para não receber de oferta uns patins bem oleados.
Quanto à autarquia, cabe agora a vez aos jovens turcos promovidos de virem ao terreno mostrar o que valem, na certeza de terem a tarefa muito dificultada pelo mau desempenho de Hélder Amaral, que não é oposição a coisíssima nenhuma e a quem, se algum fôlego ainda resta, é para uma berraria inútil na Assembleia da República ou para comentar o Benfica-Sporting aos microfones do canal-que-está-a-dar.
Por seu turno, José Junqueiro, involuntariamente afastado da política, apartou-se também do mandato que os eleitores lhe outorgaram. Ao que se crê, agora regressado ao mundo dos negócios e da alta consultoria, não será de estranhar vê-lo dentro em breve, de braço dado, com Ginestal, o compadre, à sua direita e António Borges, esse fiel “compagnon de route” duriense, a seu lado esquerdo, a marchar para diante, não pelo caminho da cruz, mas pelo tapete rolante do abismo.
A política partidária faz-me sempre lembrar os ganchos e contra-ganchos da velha estrada do Bussaco. Os ziguezagues são tantos que a vertigem ora nos empurra para o zigue, ora nos impele para o zague. Muito kompensan deve esta rapaziada tomar por causa da azia. Ou então já têm o estômago causticado…
Mas, como diz o Compadre Zacarias, que é infalível e prático, “Eles estão lá, não estão?”. Porém, se estar “lá” significa esta eventual ligeireza, este jogo de cintura, esta pendularidade crónica, então o “lá” não deve ser sítio para pessoas de rijo carácter e forte têmpera…
Certo é que na autarquia viseense, os quatro deputados da oposição levaram pré-sumiço e, Almeida Henriques, mais seus grandes assessores – já nem me refiro aos vereadores – reina como Luís XIV, o Rei Sol, sobre uma corte de Versalhes esmerilada na Loja do Chinês.
Oposição não tem. Obra também não. É coerente…
Uns estilosos titúbeos tipo Marca Viseu, para já, deram-lhe a mesma dimensão das carreiras aéreas para Tires, do comboio para Vilar Formoso, da oncologia para o S. Teotónio e mais um quarteirão de “inconseguimentos”.
Tudo está bem quando acaba bem e, se Ruas não vier, Almeida Henriques vai ter mais quatro garantidos anos para continuar a sua imensa obra do não-fazer-mas-dizer-que faz.