A história da moral
Você tem-me cavalgado,
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.
Alexandre O’Neill
in “De ombro na ombreira”, 1969
País acrítico manobrado por uma CS voraz, acefalamente monitorizada, a mando de políticos amorais.
Nunca as gamelas foram tão concorridas e as varas tão bem cevadas.
Ajustado o cangote e a cerviz vergada, a voz do dono é aguilhada leve a troco de subserviente sobrevivência.
Basta propagar o despudor insidioso da mentira pérfida, para que a turba consumidora de ecos “prêt-à-porter” – concebidos para QI’s abaixo dos símios – exalte exuberante ao ruído da estrepitosa cacofonia vil.
Pois foi assim que comecei o meu dia, ao viajar net fora pelas páginas dos jornais diários nacionais…
É desconcertante e inquitante a desvergonha de alguns jornalistas a soldo da voz do dono…
Mas mais perturbador é perceber que este país tantos anos subdesenvolvido, atávico e depois, em vias de desenvolvimento, com 42 anos de democracia na pele, ainda continua maioritariamente inconsciente do que o rodeia, manobrável pelos manipuladores do costume, aliterado e, fundamentalmente incapaz de formular uma crítica séria e fundamentada ao real que os envolve, conduz e trucida.
O carneirismo na sua mais eloquente expressão, a ser conduzido, em rebanho, dócil e jovial à tosquia, primeiro e depois, à ara da imolação/degolação.
Espoliados até ao tutano de todos os seus direitos tão arduamente adquiridos, vão recorrentemente e com uma amnésia estupidificada pôr-se à guarda não do pastor, mas sim da alcateia de lobos de fauces sangrentas escancaradas à espera ávida do pitéu.
País dos três “efes”… do Futebol, do Fado e de Fátima, tudo deglutido com três arrotos, uma patanisca de bacalhau e meio canadão de briol.
Entretanto parece que existe (?) uma coisa chamada “erc”, talvez abreviatura de hercúleo sem agá… mas com magnos papas com um eme pequenino.