AQUILINO – “CINCO RÉIS DE GENTE” – Recortes de infância
1 – AQUILINO – RETRATO EM MENINO Aquilino, por ora, é um menino como qualquer outro menino que tenha a sua idade. O pai e a mãe permanecem como suaves guardiães da sua infância e o irmão mais pequenino que chegou sem ele saber, acabará por tê-lo como desvelado protector. Têm jeito de fada, […]
1 – AQUILINO – RETRATO EM MENINO
Aquilino, por ora, é um menino como qualquer outro menino que tenha a sua idade.
O pai e a mãe permanecem como suaves guardiães da sua infância e o irmão mais pequenino que chegou sem ele saber, acabará por tê-lo como desvelado protector.
Têm jeito de fada, as duas tias, mesmo que efabuladas. E o padrinho e também elas, acreditam que há-de ser feliz o seu menino.
Há depois as outras figuras do retrato que têm, na paisagem, como fundo, a sua aldeia: O Barzabu correndo com ele ao desafio, a égua Inácia com a mansidão de uma cordeira, a Loíta semelhando a urze brava, o rapazio com as diabruras costumadas, o urso Mariana que rompeu do fim do mundo, a Lua-cheia cavalgando a montanha, o céu riscado de “estrelinhas do pastor” e as demais estrelas que ninguém pode contar.
E os lobos da serra. As cruzes dos caminhos. O sino a badalar. O cipreste junto ao cemitério. O rosmaninho queimado nas fogueiras. Os contos das mulheres sentadas à lareira. Os caretos do Entrudo, de assustar. O magusto de castanhas ao vir do S. Martinho. As toadas dos rapazes na quadra do Natal. E as páginas abertas do “Monteverde”, o mágico desenho das letras decifradas. E a vida a abrir-se como as folhas de um livro, a correr.
Legenda da foto:
Aquilino Ribeiro no Colégio da Lapa (1895-1900)