Segundo as últimas notícias os bancos portugueses já sugaram aos contribuintes, em ajudas públicas e desde 2010, 86 mil milhões de euros.
Ou seja, a banca, gorda, anafada, nédia, luzidia, pantanal onde pulularam (pululam?) bastantes vigaristas, onde se fazem empréstimos bilionários a amigos, sem retorno, onde se tapam quase todos os buracos dos companheiros políticos influentes, onde muitos administradores recebem salários multimilionários por falências sucessivas cheias de mérito e péssima administração, onde o mérito é um conceito em pesquisa e raramente descoberto, onde os dividendos a accionistas chovem do céu como chuva em Janeiro, de onde e para onde vêm e vão mangas-de-alpaca para a política e da política para a banca, essa BANCA, promíscua que não paga juros aos depositantes mas cobra juros altíssimos pelos empréstimos… já custou mais aos contribuintes do que o programa de resgate financeiro empreendido pela troika, que nos levou – portugueses – a quase todos, ao maior período de austeridade dos últimos decénios e ao maior rombo nas nossas esfarrapadas e depauperadas carteiras.
E porém, todos enchemos a boca com a sinistra troika, com o agiota FMI, com o especulador BCE e etc., mas ouve-se, pairando, um silêncio ensurdecedor sobre a banca…
A comunicação social pouco bule na sua galinha de ovos de oiro; sabe como é que a maioria dos seus accionistas comprou as suas quotas, não ignora quantos milhões à banca deve, quem é o melhor cliente de publicidade… Por essas e por outras, e que mais não fosse, os amigos são para as ocasiões.
Também para as ocasiões tem sido a entidade reguladora do sistema bancário nacional: o Banco de Portugal que, com Vítor Constâncio e Carlos Costa, desempenhou desde 2000 as suas funções como ninguém. Uns comendadores-governadores deste triste e trôpego Império…
Foram dezasseis anos de cegueira, mudez e surdez.
( Foto DR – José Carlos Pratas / Global Imagens)
Vítor Constâncio recebeu a recompensa em 2010, após errar quase todas as previsões macroeconómicas, com sucessivas falhas e erros na supervisão bancária, agravadas por inacção ou actuação tardia nos tristemente célebres casos do BPN, do BCP, do BPP e do BES, recebeu no regaço um mandato de oito anos como vice-presidente do Banco Central Europeu.
Porquê?
E Carlos Costa? Que deu continuidade a esta triste saga de inacção, quando vier embora, qual “colinho” o acolherá?
Porquê?
(fotos DR)