O presidente da República compelido pelos factos a dar posse a António Costa como primeiro-ministro de um governo tacitamente aliado aos partidos da esquerda, porta-se como um “ganapo rabugento” que não quer dar o braço a torcer mantendo a sua birra laranja até às tangências da Constituição.
Ao dar posse ao governo mais curto da Democracia portuguesa, o dos 11 gloriosos dias, Cavaco bem sabia que seria liminarmente chumbado pela mais básica das operações aritméticas que qualquer indivíduo com a antiga 4ª classe sabe fazer. Não é preciso ser-se professor de finanças, economia ou… por aí.
Com um conjunto de atitudes criticada por todos – excepção dos de seu team e a muleta coligada (comandada pelo senhorito que outrora mais maltratou Cavaco enquanto director de “O Independente”), não teve um único dos seus antecessores a dar-lhe razão e mesmo os representantes institucionais geralmente próximos de um centro-direita reprovaram liminarmente a peregrina ideia de um inconsistente e frágil governo de gestão.
Cavaco não passa à História. E se eventualmente ficar na memória de alguns não será “por obras valerosas”, antes o sendo pela inconsistência, parcialidade, casmurrice, insegurança, partidarismo, duvidosos conselheiros de Estado avocados, conjecturalmente estranhas referências ao “banco laranja”, afirmações duvidosas e lesivas sobre o BES, infelicidade das graçolas públicas e… decadência.
Mas há uma coisa que não é de somenos: foi democraticamente eleito pelo sufrágio dos portugueses. Mas também sabemos que a “Maria” e o “CM” são os mais lidos da lusitânia e que o “Big Brother” foi um sucesso de audiências… O que, elementarmente quer dizer: o presidente certo para um certo país. O país “pimba”, acriterioso, clubístico, alaranjado, sensacionalista, piegas e passadista.
Ainda assim, no derradeiro espasmo, o presidente da República requereu a António Costa, segundo nota que se lê no site institucional da PR, explicações daquilo que para ele são dúvidas e/ou questões que…
… “estando omissas nos documentos, distintos e assimétricos, subscritos entre o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista Português e o Partido Ecologista Os Verdes, suscitam dúvidas quanto à estabilidade e à durabilidade de um Governo minoritário do Partido Socialista, no horizonte temporal da legislatura“.
“Distintos, assimétricos, dúvidas, estabilidade, durabilidade, minoritário”… só mesmo este linguarejar casmurro para começar esta 3ª feira fria de Novembro com uma boa gargalhada…